quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Judeus e Japoneses são mais inteligentes?


O IBGE constatou que os judeus brasileiros têm um nível de renda, escolaridade e expectativa de vida superior ao dos noruegueses, os campeões mundiais de desenvolvimento humano.
Pra entender: O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é composto de três critérios: expectativa de vida, renda e escolaridade. Nenhuma nação bate a Noruega.
A vantagem dos judeus brasileiros ocorre especialmente por causa do quesito escolaridade: acima dos 25 anos de idade, 63% estão cursando ou já concluíram o ensino superior. 
Aí têm também os Orientais. O IDH destes, em sua maioria descendentes de japoneses, coreanos e chineses, é similar ao do Japão, pouco abaixo da Noruega.
Judeus, japoneses, coreanos, chineses, como a imensa maioria dos imigrantes, chegaram ao Brasil sem dinheiro, fugindo da miséria e da perseguição, sem falar a língua portuguesa e sem entender os costumes locais. Por que progrediram tanto?
Não há nenhum segredo na prosperidade desses imigrantes. Muito menos qualquer base para se especular sobre uma suposta superioridade étnica ou racial. Além de tirar proveito de um país em crescimento, beneficiaram-se da mistura de supervalorização da educação com o envolvimento da família e da comunidade no aprendizado de suas crianças e adolescentes. 
No caso dos orientais, existe uma tradição cultural baseada no filósofo Confúcio , que determinava a reverência à educação e o culto à meritocracia. O confucionismo pregava também a disciplina - o que dá para entender o rigor que perdura nas escolas do Japão e da Coréia do Sul, por exemplo. Um sinal explícito dessa reverência é o respeito ao professor. A começar do professor primário, cultuado porque, afinal, é o responsável pela alfabetização.
A relação dos judeus com o aprendizado está sintetizada no ritual iniciatório (bar-mitzvá) de passagem da vida infantil para a adulta, realizado quando o jovem tem 13 anos. Nesse ritual não se pede um gesto de coragem ou de bravura, mas apenas a leitura de um livro (Torá). Ou seja, sem o domínio da língua não existe saída da infância. Essa obrigação ajudou que a taxa de analfabetismo entre os judeus fosse irrisória. A reverência à escrita e à leitura fez com que os judeus montassem a primeira rede pública de que se tem notícia na humanidade.
Não existe superioridade racial ou étnica. O que existe é a combinação da valorização do saber com capital social: dá resultados, em maior ou menor grau, em todos os lugares, independentemente do credo, raça e nacionalidade. Se, obviamente, os países oferecem escolas melhores, os resultados dessa ligação serão melhores. Mas, para as escolas públicas serem melhores, é necessário que a sociedade ou, pelo menos, sua elite, acredite no valor supremo da educação.
O IDH de nossos judeus e orientais ensina que o futuro do Brasil está menos nas mãos dos economistas do que dos educadores. Educadores não são apenas professores, mas todos aqueles capazes de fazer a química do aprendizado, colocando juntas família, escola e comunidade como se fossem um ambiente articulado e inseparável.
Imaginar que a salvação da educação pública brasileira está apenas na sala de aula é somente mais uma, entre tantas manifestações de ignorância de uma nação, cujo IDH está, não por acaso, em 62º lugar - abaixo de nações mais pobres do que o Brasil.

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